quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ovo Frito

A Páscoa é do chocolate, o Natal é do panetone, o brigadeiro é do anivérsario, o bacalhau é da semana santa, a pizza é do sábado, o churrasco é do domingo... e o ovo frito? É de que dia? Nenhum, em especial. Por causa dessa injustiça, o ovo frito vivia revoltado: por que ele, nutritivo, barato e fácil de fazer não tinha um dia só dele? Assim, foi instituído o dia do ovo frito: todas as segundas-feiras, dia em que geralmente a geladeira está vazia e a mãe não tem tempo de cozinhar. Como isso acontece em várias partes do mundo, reunidos num congresso internacional sobre ovo frito, as autoridades decidiram criar o Dia Mundial do Ovo Frito, que é o dia em que todas as pessoas do planeta comem ovo frito em homenagem ao ovo frito. Nesse dia, governadores, prefeitos, mães e professoras fazem discursos enaltecendo o ovo frito. Todos participam da festa, menos as galinhas, que ficam do lado de fora protestando com faixas, cartazes e megafones: CÓ-CÓ-RÓ-CÓ-CÓ!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Honoris causa

Ah, o amor é uma bobagem
Escrevi, li, conversei a respeito.
Mas depois de conhecer você
Bagunçou tudo no meu peito
Perguntam se o amor é nada?
Ora, mais respeito se dê!
Bolas, isso é pergunta de quem
Não conhece você!


                                   (Diário de uma paixão. São Paulo: Geração Editorial, 2003)

Frase do dia

 Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los. (Isaac Asimov)





Música que recomendo hoje: London's Calling - The Clash

domingo, 17 de outubro de 2010

O encontro entre o Amor (Eros) e a Alma (Psiquê)

A jovem princesa Psiquê era tão
bela que com sua beleza ameaçava roubar os admiradores de Afrodite. A deusa,
indignada, mandou que seu filho Eros a flechasse com um augpurio: Psiquê se
apaixonaria pela mais horripilante criatura da Terra.
Enquanto Psiquê dormia, Eros
entrou em seu quarto – mas, pertubado com sua beleza, não pôde atingi-la, e
acabou ferido pela ponta de uma de suas flechas. O tempo passou, as irmãs de
Psiquê se casaram e ela vivia solitária. Seus pais, preocupados, foram falar
com o Oráculo, que sentenciou: a jovem estava destinada a viver com um monstro
e devia ser deixada ao pé da colina.
Ela foi levada por Zéfiro até um
bosque exuberante e ali adormeceu. Ao acordar, passeou e encontrou uma fonte de
água cristalina junto a um palácio de ouro. Lá dentro, uma voz anônima dizia
que aquela era sua nova casa – ali ela era rainha. Em seus aposentos, Psiquê
encontrou vestes finas e ricos objetos. Arrumou-se e foi até o salão principal.
Esperava-a uma mesa farta de vinho e iguarias maravilhosas. Ela se banqueteou sozinha.
De volta ao quarto, em total
escuridão, deitou-se com o marido. Veveram uma noite de prazeres. Psiquê se
apaixonou por ele, mesmo sem conhecer sua formas. Meses depois, pediu ao esposo
que lhe trouxesse as irmãs – tinha saudades e queria que todas soubessem de sua
felicidade. Trazidas por Zéfiro, as irmãs – enciumadas – envenenaram-lhe a
alma.
Elas a convenceram a desvendar o
mistério e, atormentada, Psiquê se armou de uma faca e entrou no quarto
enquanto o marido dormia. Ele estava coberto por um tecido fino. Quando lhe
retirou o véu, Psiquê se estarreceu com sua beleza – era delicado como um anjo
e tinha asas. Ela estremeceu e deixou cair da lamparina um pouco de óleo sobre
o peito de Eros. Ferido, o jovem deus despertou indignado: havia sido traído. “Quem
ama, confia”, disse ele. Agora, Psiquê deveria voltar para sua família.
Inconformada, ela passou a vagar
sem sossego. Desolada, e aconselhada pela deusa Ceres, procurou Afrodite para
pedir perdão, mas a deusa estava furiosa pela dor do filho. E disse que só a
ouviria depois que Psiquê separasse todos os cereais desarrumados do celeiro.
Era um trabalho impossível, e ela
começou a chorar. Então Eros ao celeiro todas as formigas do mundo, para
separar os grãos. À noite, os celeiros estavam arrumados. Afrodite então
ordenou que Psiquê atravessasse o rio e lhe trouxesse a rara lã das ovelhas
ferozes do vale. Ajudada por Rio-Deus, ela colheu apenas a lã deixada pelas
ovelhas, presa nos galhos.
Mas Afrodite ainda estava furiosa –
e ordenou que Psiquê lhe trouxesse a caixa da beleza de Perséfone, que habita
os infernos. Psiquê se desolou – uma voz a orientou, lhe indicou caminhos e
adivertiu: não deveria jamais abrir a caixa. Psiquê venceu montros, iludiu
deuses e conseguiu que Perséfone lhe desse a caixa de beleza que pedia
Afrodite. Mas não venceu a curiosidade; abriu a caixa e foi coberta pelo sono
da morte. Eros a salvou com uma de suas amorosas flechas – e a repreendeu mais
uma vez. Depois, implorou a Zeus que transformasse a amada em deusa – era a
única maneira de Afrodite deixa-la em paz. Zeus atendeu ao pedido. Eros e
Psiquê então se amaram ternamente. De seu amor nasceu uma filha, que se chamou
Prazer.

                            Bernardo Pelegrini e Maria Angélica Abramo. Op. Cit. P. 43.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Frase do dia

O homem nunca deve se por em posição em que perca o que não pode se dar ao luxo de perder. (Ernest Heimingway)





Música que recomendo hoje: 7 Things - Miley Cyrus

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Narciso, o amor por si mesmo

        Conta-se que Narciso era um belo jovem, flho do deus-rio Cefiso. Temendo qquela beleza desmedida, sua mãe, a ninfa Liríope, foi perguntar ao mais célebre adivinho da Grécia - o velho cego Trésias - qual seria seu destino. O ancião respondeu:
         - Ele viverá muito se não se vir...
         A mãe, seguindo os conselhos do adivinho, nunca permitiu ao filho ver o próprio rosto. Assim, Narciso cresceu sem ter noção da imagem que o identificava.
         Muito belo, era admirado por homens e mulheres. Todos se apaixonavam pelo jovem, que permanecia distante e indiferente, afastando-se de todos o que pretendiam ser seus companheiros.
         Num de seus passeios solitários, vagando por um bosque, entregue a doces pensamentos sobre si mesmo, sentiu sede e inclinou-se sobre o riacho de águas claras e puras. Apaixonou-se desesperadamente pelo prórpio reflexos.
         E naquele estado de profundo encantamento, buscou abraçar e beijar a imagem que se refletia, luminosa, bem dentro de seus olhos. Em vão. A cada tentativa de aproximação, a imagem desaparecia.
         Narciso suplicou pela presença daquela imagem fugidia. Hora após hora, dia após dia, permaneceu curvado na beira do riacho. Até que, não mais suportanto a agonia daquele amor impossível, seu coração deixou de bater. Seu corpo mergulhou nas águas claras, e em seu lugar surgiu uma delicada flor amarela, que tem o centro circundado por pétalas brancas.
         Morto de paixão por si mesmo, Narciso tranformou-se na flor que leva seu nome.

Frase do dia

Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco. (Edmund Burke)